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"Conforme o nome indica, trata-se de uma hérnia com origem no disco intervertebral..."

Introdução

O disco intervertebral tem, essencialmente dois componentes, o anel fibroso e o núcleo pulposo, o primeiro une as vértebras entre si e é constituido por fibras de colagénio de tipo I e o segundo por proteínas células e água, formando um tecido fibroelástico, depressível, que permite a mobilidade entre as vértebras e amortece os impactos que a coluna sofre nas variadas atividades do dia a dia.  Conforme o nome indica, trata-se de uma hérnia com origem no disco intervertebral, ou seja,“uma parte do disco, o núcleo pulposo  “fora do sítio” ou deslocado da sua posição habitual, devido a rotura do anel fibroso (Fig. 1).

fig I

Fonte: Imagem retirada do site "Especialista em Coluna Dr. Luciano Pellegrino" (https://www.drlucianopellegrino.com.br/coluna/hernia-disco/

Figura I: A seta horizontal assinala o anel fibroso, o círculo o núcleo pulposo, a seta vertical a rotura do anel e a respetiva hérnia,
que comprime a raiz nervosa assinalada pela seta curva, responsável pela dor irradiada.

 

Tipo de hérnias, Prevalência e Localização e Sintomatologia

A prevalência das hérnias discais, varia conforma as séries publicadas mas oscilam entre 10% a 25% da população em geral.

Como já foi referido a hérnia resulta de uma rotura do anel fibroso por onde se insinua e faz saliência o material, em regra degenerado, do núcleo pulposo. Quando esta saliência (hérnia) comprime um nervo ou raiz raquidiana, resulta um quadro clínico com dor irradiada pelos membros superior ou inferior, conforme se localiza na região cervical ou na lombar. Neste último, a dor resultante é, vulgarmente, conhecida por ciática.

Se a hérnia ocorrer a nível dorsal, pode resultar uma dor irradiada pelo tórax, em cinturão. Além das dores nos membros podem ocorrer outros sintomas, como formigueiros, picadas, sensação de «encortiçamento» e, até diminuição da força muscular. O aparecimento destes dois últimos sintomas ocorre, habitualmente, associado a um alívio do quadro doloroso; a falta de força num pé é um sinal de pior prognóstico, isto é, evolução menos favorável.

 

Causas

As hérnias lombares (Figura II) são as mais frequentes e as dorsais as mais raras. Na origem das hérnias discais estão fragilidades individuais, movimentos bruscos de extensão e/ou torção do tronco, execução de esforços ou o levantar de pesos com a coluna fletida, além da existência de outros fatores, como os erros posturais, sedentarismo, etc. Também a obesidade, pelo excesso de peso, e o tabagismo, pelas alterações que acarreta na micro-vascularização arterial, são fatores condicionantes do desenvolvimento das hérnias discais.

 

fig II

Figura II: As setas indicam a hérnia lombar entre a L4 e a L5

 

Como se tratam?

Por serem mais frequentes focaremos a nossa atenção nas hérnias discais lombares.

No que respeita ao tratamento devem ser sempre esgotados os tratamentos médicos “não agressivos” e recorrer aos outros métodos, nomeadamente infiltrações ou cirurgia depois do insucesso dos primeiros.

De um modo geral a crise dolorosa é sempre tratada na fase aguda com repouso absoluto de curta duração e medicamentos injetáveis, habitualmente prescritos nos Serviços de Urgência. Com o alívio dos sintomas, o repouso passa a relativo, mantém-se a medicação, injetável ou oral, e podem iniciar-se tratamentos de Medicina Física, isto é, de Fisioterapia.

O recurso a uma cinta ortopédica lombar, colar cervical ou colete dorsal, em certas condições pode ser vantajoso. Passadas as dores mais intensas, é benéfica a tonificação muscular abdominal e para vertebral, através do recurso à hidroginástica e natação, pilates clínico, yoga ou outros, Se a situação evoluir favoravelmente, entre um e três meses, segue-se retorno à atividade habitual.

A maioria dos doentes melhora com os tratamentos mais simples, sem recurso a outras práticas mais agressivas. Caso contrário, se as queixas persistirem, pode haver lugar a tratamentos mais especializados nos quais se incluem:

Infiltrações epidurais ou de outro tipo. Vários tipos mini-agressivos, de descompressão da hérnia sobre o nervo comprimido; incluem-se vários tipos, mecânicos, térmicos e químicos, dos quais os mais conhecidos são o lazer e a radiofrequência (térmicos) e dos químicos, o discogel e o ozono. Todos estes métodos têm o mesmo grau de eficácia, que ronda os 75-80%. Isto significa que não há métodos que garantam um resultado a 100%, até porque existem vários tipos hérnias e, algumas, pelo seu volume, e características só têm indicação para cirurgia.

As melhores indicações para este tipo de tratamentos são as hérnias pequenas, contidas, isto é, não extrusadas e/ou migradas, as não calcificadas e as que não resultem de cirurgias prévias.

De todos estes métodos mini- invasivos o que tem, na nossa experiência, os melhores resultados e a melhor relação custo/benefício, são as infiltrações com ozono dentro e fora do disco afetado.

 

Não perca a segunda parte deste artigo!

 

 

Artigo de revisão da autoria do nosso especialista em Neurocirurgia na Clínica São João de Deus,
Pratas Vital,

 

30 de março de 2022

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