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"A dor pélvica crónica (DPC) é uma situação clínica frequente, devida a causas variadas. São situações habitualmente seguidas em ginecologia ou fisiatría. Em cerca de 4% dos doentes a compressão do nervo pudendo é responsável pelo desenvolvimento da DPC."

Sintomas

A dor é de tipo neuropático e afeta ambos os sexos. Característicamente é intensa e de tipo queimadura. Muitas vezes é provocada pela posição de sentada de modo prolongado e aliviada pelas posiçōes de pé ou deitada. Pode ser unilateral ou bilateral e várias terminações do nervo podem estar envolvidas, pelo que a apresentação clínica é variada. Trata-se de uma neuropatia periférica, devida a, eventual, compressão do nervo ou suas ramificações em vários locais onde se destaca o canal de Alcock. Típicamente irradia para a virilha e na vulva na mulher e para o testículo no homem.

Causas

As causas mais frequentes são de natureza traumática, nomeadamente a posição de sentada de modo prolongado, traumatismos repetidos ao andar de bicicleta e, também, no momento do parto ou englobado em suturas de cirurgias na cavidade pélvica.

Diagnóstico

Tendo em conta o tipo de dor e a sua irradiação e duração, perante a suspeita de neuralgia do pudendo, para confirmar o diagnóstico deve recorrer-se à Neurografia do Pudendo em Ressonância Magnética 3 Tesla.

Tratamento

Do ponto de vista do alívio doloroso, deve tratar-se a causa sempre que a mesma for conhecida. Contudo, como na maior parte dos casos a causa é desconhecida, o objetivo do tratamento consiste em aliviar os sintomas dolorosos de várias formas: - Prevenindo as situações que as agravam ou desencadeiam; - Actuar com tratamentos de fisioterapia; - Recorrendo a medicação apropriada.

Se este tipo de medidas não proporcionarem um alívio satisfatório, poderá recorrer-se a outros tipos de tratamentos mais invasivos como: - Bloqueios anestésicos dos nervos pudendos; - Radiofrequência pulsada sobre o nervo; - Cirurgia descompressiva.

Num estudo retrospectivo de Benso e Griffis, somente 31% dos doentes melhoraram com os bloqueios dos nervos e 60% com a cirurgia descompressiva.

A Radiofrequência pulsada (pRF) é mais eficaz que os bloqueios ou a cirurgia. Numa avaliação retrospectiva de Janeiro de 2021, Krijnen e Withagen (3) de Urecht concluíram que a pRF é uma terapêutica bem sucedida em cerca de 89% dos doentes que não responderam favoravelmente às terapêuticas mais usuais, incluindo os bloqueios nervosos. Em muitas das situações foi necessário repetir o tratamento ao fim de seis meses, sempre que tivesse havido melhoria das dores na primeira sessão de tratamento. Um elevado valor de 92,1% é descrito por Fang num estudo randomizado com 77 doentes, em que 38 fizeram bloqueio do nervo pudendo e radiofrequência pulsada (pRF) e, outro, com 39 doentes a quem só foi efetuado o bloqueio nervoso. Feita a avaliação ao fim de três meses a eficácia clínica foi de 92,1 no grupo da pRF e somente 35,9 no grupo dos doentes sujeitos ao bloqueio nervoso.

Em termos comparativos com os bloqueios e com a cirurgia, a radiofrequência pulsada junto ao nervo pudendo no canal de Alcock é muito mais eficaz.

O procedimento para a aplicação da radiofrequência pulsada é efetuado em regime ambulatório, sob sedação e anestesia local. É um tratamento seguro, com riscos negligenciáveis e altamente eficaz no curto e longo prazo, apesar de ser necessário repetir se, ao fim de seis meses houver uma recidiva dos sintomas.

Conclusão

O tratamento da Neuralgia do Nervo Pudendo com radiofrequência pulsada é seguro e eficaz, podendo ser considerado um tratamento de primeira linha nos doentes com o diagnóstico seguro da Neuralgia do Pudendo.

Referências

1- Valim Petronas- kondratov, MD, Avneeh Chhabra, MD, and Stephanie Jones, MD. Pulsed Radiofrequency Ablation of Pudendal Nerve for Treatment of a case of Refratory Pélvica Pain Pain Physician 2017; 20:E451-E454. ISSN2150-1149

2- Rhame E, Levey K, Gharibo C. Successful treatment of refractory pudendal neuralgia with pulsed radiofrequency. Pain Physician 2009; 12:633-638.

3- Eva Krijnen, Karinlijn Schweitzer; Albert van Wijck; Mariella Withagen. Pulsed Radiofrequency of Pudendal Nerve for Treatment in Patients with Pudendal Neuralgia. A case séries with Long_ Term Follow-Up. Pain Practice, 2021 January.

4- Fang H, Zheng J, Yang Y, Ye L, want X. Clinical effect and safety of pulsed Radiofrequency Treatment for Pudendal Neuralgia: a prospective, randomizado Controller clinical trial. J Pain Res 2018;11:2367-2374.

5- Benson JT, Griffis K, Pudendal neuralgia, a severe pain syndrome,. Am J Obstet Gynecolol. 2005;192:1663-1668.

 

 

Especialista em Neurocirurgia na Clínica São João de Deus
Pratas Vital,

25 de março de 2021

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